Histórias de sucesso: Os desafios climáticos da Isle no Brasil

Explore o reservatório de teste climático da Isle's Brazil em nossa série de blogs "Histórias de sucesso".

Reshmina William, PhD (Gerente de Projetos, Isle Americas)

Os desafios climáticos do Brasil

Em 12 de fevereiro de 2022, a cidade de Petrópolis, no Rio de Janeiro, recebeu mais chuva em três horas do que nos últimos trinta dias juntos. A tempestade, a maior registrada na região desde 1932, causou grandes inundações que desestabilizaram a encosta da montanha sobre a qual a cidade foi construída. Nos deslizamentos de terra resultantes, quase 200 pessoas perderam suas vidas.

Apenas um ano depois, o Brasil mergulhou em seu pior momento. a seca mais severa dos últimos 70 anos. A seca cobriu quase metade do território brasileiro e afetou mais de 70% de seus municípios.

As mudanças climáticas e o desmatamento estão provocando eventos climáticos extremos e mais frequentes no Brasil. Os impactos desses eventos geralmente são sentidos com mais intensidade pelas populações mais vulneráveis do país. Durante as enchentes de 2022, muitos dos que perderam casas e entes queridos moravam em favelas, comunidades informais e empobrecidas nos arredores das cidades que não foram projetadas para resistir a essa escala de enchentes.

Portanto, lidar com a mitigação e a resiliência das mudanças climáticas é claramente de importância fundamental para o Brasil. No entanto, o Brasil enfrenta desigualdades significativas no acesso à água e ao saneamento, com 14% da população sem água gerenciada de forma segura e 41% ainda sem saneamento gerenciado de forma segura.

Para resolver as lacunas nos serviços de água e saneamento, o Brasil está se voltando para tecnologias inovadoras que melhoram a resiliência climática das empresas de serviços públicos e, ao mesmo tempo, minimizam as emissões de gases de efeito estufa. O Marco Legal para Startups de 2021 (a "Lei Brasileira de Startups") permite que as entidades públicas definam os requisitos do contrato com base em problemas e não em especificações técnicas. Essa reformulação dos critérios contratuais permite que empresas privadas e startups ofereçam aos serviços públicos novas soluções para seus desafios, promovendo, em última análise, a inovação.

A Lei Brasileira de Start-Up também apóia o teste e a pilotagem de novas tecnologias, permitindo que as concessionárias testem soluções por meio de contratos de até R$1,6 milhão (US$ $325.000). Quando os testes atingem seus objetivos, os contratos de acompanhamento de até R$8 milhões (US$ $1,6 milhão) permitem que as concessionárias ampliem as soluções comprovadas. Essa abordagem se concentra na promoção da inovação e na expansão do acesso a tecnologias impactantes e dimensionáveis.

O reservatório de teste do Brasil

O Brazilian Start Up Act se alinha estreitamente com o programa global Trial Reservoir em seu objetivo: acelerar a inovação no setor de água por meio da redução de riscos de testes e projetos-piloto.

Em novembro de 2022, Laboratório do BIDO IDB Lab, braço de inovação e capital de risco do Grupo do Banco Interamericano de Desenvolvimento, patrocinou um programa de Reservatório Experimental especificamente para empresas de serviços públicos brasileiras. Embora o IDB Lab tenha ajustado seu nível de participação desde então, o programa continua a impulsionar a inovação no setor.

Esse programa permite que as empresas de serviços públicos adquiram tecnologias por meio de fornecedores locais e, ao mesmo tempo, abordem lacunas críticas nos serviços de água e saneamento. Além disso, o Reservatório Experimental do Brasil visa acelerar a implementação de novas soluções tecnológicas em toda a região, reduzindo, em última instância, as emissões de gases de efeito estufa no setor de água da América Latina.

A Isle oferece suporte adicional a esse esforço por meio de uma série de webinars criados para disseminar informações sobre o reservatório de teste do Brasil e apresentar tecnologias inovadoras às concessionárias brasileiras. Desde seu lançamento em 2023, esses webinars trimestrais têm apresentado especialistas no assunto que discutem tópicos que vão desde digitalização e IA até economia circular e reutilização de água. Em seu primeiro ano, os webinars atingiram com sucesso um público nacional, acumulando quase 3.000 visualizações no YouTube.

O primeiro teste do Reservatório Experimental do Brasil começou a ser implementado no final de 2024.

AInwater - Estudo de caso de um reservatório experimental

Isle’s Brazil's Climate Trial Reservoir
Imagem cortesia de AInwater

 

A Aegea é a maior empresa privada de saneamento do Brasil e líder em inovação de tecnologia de água. No entanto, a Estação de Tratamento de Esgoto Bela Vista da Aegea tem enfrentado problemas históricos com descargas que violam as normas estaduais de qualidade da água. A Aegea recorreu a um gêmeo digital orientado por IA, desenvolvido pela start-up chilena AInwater, para prever as mudanças operacionais da estação que podem levar a violações de descarga, permitindo assim que seus operadores ajustem os parâmetros de acordo. 

O gêmeo digital Bela Vista da AInwater ajudará a Aegea a atender aos seus requisitos de descarga, monitorando, detectando e otimizando o tratamento por meio de controles virtuais baseados em inteligência artificial. Especificamente, o gêmeo digital gerará automaticamente alertas preditivos para os principais indicadores de conformidade ambiental e otimizará os processos de aeração e lodo ativado da fábrica para reduzir os custos de energia. O gêmeo digital promete não apenas melhorar a qualidade da água e reduzir significativamente o OPEX da Aegea, mas também reduzir o consumo de energia da planta e as emissões de carbono do Escopo 2. 

Após quatro meses de instrumentação e preparação, o piloto será lançado oficialmente em maio de 2025, com um período de teste e validação de dois meses planejado para começar em julho de 2025. Se o teste for concluído com sucesso em setembro de 2025, a Aegea concordou em continuar com a assinatura do AInwater na usina de Bela Vista, com a possibilidade de instalar a tecnologia em suas outras usinas. 

"Um farol de inovação"

 

Quando Rodrigo Valladares Ao ingressar na equipe da Trial Reservoir em março de 2023, ele foi particularmente atraído pelas implicações tecnológicas do teste da AInwater. Com base em conversas anteriores com a empresa, "eu sabia que essa tecnologia poderia potencialmente mudar o rumo da redução do consumo de energia em estações de tratamento de águas residuais", diz ele. 

Agora, Rodrigo pode ver como esse projeto o ajudou a crescer pessoalmente. "Aprendi muito com sua preparação", diz ele. Ele não só teve que absorver os detalhes tecnológicos da plataforma da AInwater, mas também teve que se atualizar sobre as regulamentações brasileiras, desde os parâmetros de descarga estaduais obrigatórios até os meandros legais envolvidos na elaboração da documentação do julgamento.  

De uma perspectiva mais ampla, Rodrigo vê esse teste como um divisor de águas para o setor hídrico brasileiro. Devido à estrutura exclusiva de aquisição e financiamento do Reservatório Experimental, "ele estabelece a base para iniciativas futuras dentro das empresas de serviços públicos e como elas percebem, gerenciam e adotam soluções inovadoras".

No futuro, Rodrigo espera ver a abordagem do Reservatório Experimental aplicada a uma gama mais ampla de tecnologias e setores. "Vejo o programa Trial Reservoir como o farol da inovação em iniciativas de adoção e pilotagem de água/energia/descarbonização", diz ele. 

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